terça-feira, 31 de agosto de 2010

Caminhos opostos..

Do fundo do meu coração, torço para que tudo dê certo para você.
Espero que encontre seu caminho, você está precisando ocupar essa cabeça.

Ninguém está preparado para perder, mas se faz parte da vida, nada mais justo que aprender a lidar com isso.

Não há a menor dúvida que você amou de corpo e alma, e eu nunca duvidei disto.
Mas as vidas seguem, mas por inúmeros motivos, as pessoas acabam ficando pelo caminho.
Agradeça por tê-lo conhecido, vivido, apreciado, aprendido.

Não se prenda à pequenas coisas como o perfume, pois a memória com o tempo se revela fraca e com certeza haverá frustração de não lembrar daquele cheiro marcante.
Obviamente, não é para deixar o perfume, pois o cheiro de cada pessoa é sua essência.
Mas se for para se apegar, se apegue ao sorriso, ao olhar...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tantas coisas mudaram nesse último mês.

Eu experimentei um gosto amargo de café não adoçado e depois o gosto solitário do café gelado do dia anterior.
Mas experimentei o gosto doce do perdão.
Eu sempre soube, como mais ou menos tempo, perdoar os outros, mas há anos não concedia essa dádiva a mim mesma.
Então ao todo experimentei dois tipos de vazio: o da ausência de uma pessoa que tanto eu gostei, esse incomoda profundamente, e o da ausência de culpa, que chama atenção pelo espaço aberto tão reconfortante.
Foi um mês esquisito, continuação de outros meses já esquisitos: eu perdi tantas outras pessoas tão rápido, por mortes, por empregos, por mudanças físicas, por mudanças ideológicas, psicológicas...
E todas elas, cada uma a sua maneira, me afetaram de maneiras ímpares, mas por incrível que pareça, perder foi positivo.
Eu cresci tanto com tudo isso... mesmo que não esteja sendo fácil.

Não é fácil porque várias delas eu tive a opção de não perder.
Eu pude ficar calada, mas resolvi falar.
Eu podia simplesmente não concordar e ponto, mas optei também me afastar.
Eu podia não ter arriscado, mas quis arriscar.

Não me arrependo.
Nada disso me deixaria mais triste do que se tivesse ficado calada, aceitando atitudes que discordo e no conforto covarde da segurança.
Seria mais coerente, mas juro, coerência nunca foi minha virtude....
Eu encontrei em mim coisas até então desconhecidas, como a minha capacidade de realmente amar outras pessoas, como a força de respeitar minha fraqueza, como eu eventualmente passei a aproveitar - e respeitar muito - meus momentos de solidão.
Fazer o que?
Infelizmente não controlo o vazio... mas descobri, em um pensamento aleatório de fim de tarde, que ele não nasceu do nada, ele sempre esteve ali... mas antes ele era todas as coisas boas que eu nutri por você, mas só tinham sentido porque eu ligava tais coisas à você.
Ele só é tão avassalador porque tudo que eu sentia - e tudo que você me fez sentir - era assim tão... avassalador.
E quando não há mais você em cena, fica o espaço.
Já mudou alguma vez os móveis de lugar? Já reparou que se tirar a cama que há anos ficava encostada na parede perto da janela, nos primeiros dias vai por instinto para a direção dela, mas por reflexo mais rápido que o pensamento se dá conta que ela não está mais ali?
O meu vazio é isso... é a cama que mudou de lugar...
E se eu te contar, que tudo que eu sempre quis dizer eu já disse, e tudo que eu sempre quis mostrar eu já mostrei, e tudo que eu podia fazer eu já fiz?
E se eu te contar que você errou, faria alguma diferença?
Se eu deixar claro que a cada dia que o vazio diminui, mais distante tudo isso vai ficando, e que no final, quando ele finalmente cessar, não haverá mais espaço para você?
E que eu tenho total consciência disto e talvez você subestime minhas mudanças e minha convicção perante elas.
Será que você sabe que quando se fecha uma porta aleatoriamente há sempre a chance de que esta novamente seja aberta, mas que dar uma chave em minhas mãos para que eu tranque uma porta por um tempo é apenas a certeza de que eu contra a minha vontade a trancarei, porque respeito sua vontade... e deixarei a chave em cima de uma mesa ou dentro de uma gaveta, e nos primeiros dias cuidarei dela como um tesouro, mas conforme ela for deixando de ser um tesouro vai ser cada vez mais um objeto qualquer, vai ficando esquecida... até que numa manhã qualquer eu não lembre ao certo o porque da chave e a jogue no lixo com uns papéis amassados e uns recortes de jornal, e ai... para sempre uma porta trancada.


Claro, muito do que eu sou é uma mistura do que eu era originalmente e do que você me ensinou...
E eu gosto de quem eu me tornei aprendendo, tanto gosto que disso não me desfaço.
Mas ainda não me sinto completamente confortável com o que possa ter ensinado.
Nunca achei muito justo, comparando tanto com tão pouco.
Mas não faço menção à quantidades, mas a troca, e eu ainda poderia te oferecer tanto, mesmo que tivesse que me conformar com seu habitual tão pouco.
E falar com você sobre como o tempo passa, como as coisas mudam, como o mundo deu voltas, como poderiam ser as coisas.
Conversar sobre as coisas não ditas, lembrar certas graças, outros gostos.
Me fez bem saber que para você eu era importante e ainda sou especial.
Não que mude muita coisa, mas depois de certo tempo, começa a ter um sentido.
Parece que seus atos há quase meia década são capazes de dar um certo conforto para uma situação atual... como se você tivesse voltado para uma participação especial, para entregar um caderninho com respostas das minhas atuais perguntas. Eu preciso ser feliz não para você parar de dizer que o que escrevo é triste, mas para que eu posso restringir tal tristeza apenas aos momentos pertinentes e não sempre.
E tudo que eu jurava que era você que causava, na verdade era tudo o que sou, com ou sem você, apesar de você.
A menina encantadora, intensa e surpreendente sempre foi ela mesma, sempre esteve aqui e sempre estará, por mais altos e baixos que aconteçam.
A diferença é que ela não estará mais aqui para você.

Para você eu sempre serei uma lembrança boa, eu iluminei a sua vida. Isso é culpa daquele meu velho hábito de ser surpreendente. Só queria entender porque demoram tanto para se dar conta disso... ou porque mesmo quando se dão conta disso a tempo, deixam a oportunidade passar. Até que um dia eu falei tudo que precisava.
Obviamente, não ouvi nem metade do que eu esperava.
Então eu chorei, eu esperei, eu mantinha dentro do meu coração uma estranha esperança que um dia que abrisse minha página de recados e me deparasse com algum recado seu ou que você telefonasse inesperadamente ou... que milagrosamente eu te encontrasse em qualquer lugar.. Isso aconteceu. Até que então naquele dia, eu pude sentir aquele sentimento tão “avassalador” lembra? . Trocaria sem duvidas minha vida toda por aquele dia. Sei que nada do que foi dito passou em vão. Você me fez sentir de novo o que eu já não me importava mais. Mas, infelizmente as coisas não ocorreram como EU esperava. Queria mais, muito mais de você. Queria poder ter você um final de semana pra viajar, poder ir com você no cinema ou simplesmente ter você aqui na minha cama e ver você dormindo. Nada disso aconteceu. Talvez, porque eu sempre esperei de você, mas do que você podia me dar.
Ai eu lembrei que antes de você, muito antes mesmo, eu já era capaz de dar cor a vida das pessoas.
Se eu fui capaz de iluminar a vida de uma pessoa que não podia mais ver com os olhos físicos, quando mais de uma pessoa que tinha olhos bem saudáveis.
Engraçado, você deu sentido, total ao ditado "o pior cego é o que não quer ver".
Só você não quis ver o quanto eu gostava de você, me surpreende você ter se surpreendido com as minhas palavras.
Nunca foi segredo... e você nunca olhou de verdade para o que se passava.
Você sequer se importava, talvez por ter a certeza de que eu sempre voltaria, assim que você precisasse. Mas eu me importei, eu me dediquei e não me arrependo.
Pode parece o maior clichê, mas quando a gente cultiva coisas boas, se sente bem.
Hoje tudo isso passou, eu não tenho mais medo de perder.
Posso afirmar com todas as letras: você não me dói mais, porque sua ausência ou presença já não influenciam.
Guarde com você as palavras de carinho que um dia eu falei, elas representaram perfeitamente um sentimento verdadeiro.


Mas é que hoje eu me dei conta que preciso iluminar outras vidas, dar cores à outras existências e para isso eu preciso de cores também.
E não posso dedicar todos os tons da aquarela de minha vida em uma pessoa que ao menos sabe desenhar e de tão ocupada que está perdendo sua existência em tons cinzas.